Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)
Ainda que todos sejam sabedores do risco da profissão, a perda de um combatente em serviço é sempre um choque para os integrantes da Brigada Militar. Prova disso foi o sepultamento e o enterro, na tarde chuvosa e melancólica de sexta-feira, em Caçapava do Sul, do soldado Rodrigo da Silva Seixas, 32 anos, morto em combate durante uma operação policial, em um ponto de drogas na Capital, na última quarta-feira. Na mesma ação, morreu também o PM Marcelo de Fraga Feijó, 30 anos. Seixas é o terceiro policial militar da região assassinado nos últimos oito meses.
Rodrigo Seixas é o terceiro policial militar da região assassinado nos últimos oito meses. Todos foram mortos na Região Metropolitana de Porto Alegre. Dois deles perderam a vida em assaltos, nos quais não tiveram a chance de se proteger.
Em abril deste ano, o soldado Emersom Daltri Tadielo, 41 anos, foi morto a tiros ao ser assaltado na BR-386, em Triunfo. Natural de Jaguari, ele morava em Santiago, mas atuava em Porto Alegre. Com duas décadas de Brigada Militar, Tadielo voltava para Santiago quando, ao parar para comprar flores numa tenda de beira de estrada, foi abordo por dois criminosos e baleado.
VÍDEO: PMs da Região Central fazem homenagens a colegas mortos na capital
Em outubro de 2018, o soldado Bruno Rodrigues de Souza, 34 anos, morreu de forma semelhante em uma tentativa de assalto em Canoas, onde atuava. Natural de Rosário do Sul, Souza foi atacado por criminosos que queriam roubar seu carro. Ele estava sem farda, e foi executado quando os bandidos o identificaram como policial militar.
Em março do ano passado, o soldado da Polícia Militar de Santa Catarina Rafael Biazus Massoco morreu em uma operação naquele Estado. O santa-mariense de 36 anos fazia um patrulhamento no lago da Usina Hidrelétrica Machadinho, quando a embarcação em que estava colidiu em uma pedra, virou e ele acabou se afogando junto com outro policial.
Segundo a Brigada Militar, 41 PMs foram assassinados no Estado nos últimos cinco anos.
Seixas planejava retornar à terra natal neste ano
PLANOS DE VOLTAR PARA CAÇAPAVA DO SUL
Em 2006, com então 19 anos, o jovem Rodrigo da Silva Seixas ingressou, ao fim do serviço militar, na BM como PM temporário. Após prestar prova, aos 22 anos conquistou o status que tanto queria: ser soldado efetivo.
O perfil calmo, perspicaz e de raciocínio rápido logo chamou a atenção do tenente Luiz Gil, comandante do Pelotão de Operações Especiais (POE). Os atributos e o gosto por estar na linha de frente de qualquer que fosse a missão, logo renderiam o ingresso à "família POE", recorda Gil:
- Um cara tranquilo e frio, como exige o ofício. E com rapidez e poder de decisão que o POE exige. Fora do combate, um cara sensacional, com humor leve e brincalhão. Ele deixava o ambiente sempre leve.
O sargento Denilson Bondanza, que tem 28 anos de Brigada, sendo 20 deles de POE, acompanhou o crescimento de Seixas.
- Ele se aperfeiçoou muito nesse tempo todo. Era um dos nossos granadeiros. E estava sempre atento a tudo, interessado e inteligente - conta.
Bondanza afirma que, em duas décadas de POE, nunca havia tido nenhuma baixa:
- E, de uma hora para outra, como um pesadelo, dois irmãos de farda se vão - lamenta.
Seixas completaria, em agosto, 10 anos no pelotão. Planejava retornar para Caçapava do Sul no fim deste ano. A transferência já havia sido solicitada e era aguardada. Seixas acreditava que o retorno para a terra natal era a chance de ter mais tempo para a esposa e a filha. No dia 5 de julho, ele faria 33 anos e planejava passar o fim de semana com os pais dele e a família da esposa na cidade em que nasceu.
Na sexta, policiais civis e militares da região fizeram homenagens aos dois PMs assassinados.
Na mesma operação em que os policiais foram mortos, a Polícia Civil prendeu Lucas Iago da Rosa, 19 anos, suspeito dos crimes. Ele era apenado do regime semiaberto.